Nota Solta #68 — Newsletters que gostei de ler nos últimos dias #2
Vai mais uma curadoria de conteúdo espetacular?
Vou publicar isto perto da meia-noite? Sim. Talvez não devesse pôr isto assim - ou talvez a minha psicóloga concordasse comigo se lhe dissesse isto assim -, mas vou dar-me ao luxo de atualizar a newsletter por ter organizado, depois de semanas, 19 páginas da dissertação. Sim, deveria escrever independentemente das circunstâncias, porém, nem sempre as circunstâncias são as mais favoráveis ao espírito e ao corpo. Ambos se cansam, ambos se esgotam e, quando assim é, não há reacção possível que possa desencantar da minha cabeça e dos meus processos criativos.
Para hoje, queria ter trazido um áudio. Tendo em conta que gosto de gravar quando estou sozinha, algo que não foi possível com a feliz visita do meu sogro, cinjo-me à escrita. Aproveitando, portanto, que a vontade vai para os dois lados e tenho muitas coisas para partilhar, trago mais uma curadoria de conteúdos que andei a explorar no Substack. Já que gostaram da primeira edição, nada como contribuir um pouco mais para as vossas leituras nos próximos dias.
Começo a curadoria não com um texto específico, mas com um projeto que acompanho há anos e que estreou a sua nova morada hoje. Refiro-me ao Bobby Pins, casa em constante construção da minha amiga
, pessoa que guardo no coração por inúmeras razões. Não só pelas suas palavras me confortarem - seja nos textos públicos como no privado -, mas por tudo o que ela simboliza. Alguém que se mantém fiel a si mesma numa era em que facilmente absorvemos características que não são nossas. Um ombro amigo em fases muito complicadas da vida. Um ser de luz que ilumina os sítios por onde passa. Quem já a acompanha há anos, sabe perfeitamente do que falo. Aos que ainda não a conhecem, esta é a oportunidade.Ainda que tenha muito a aprender sobre o assunto, tendo a deixar-me levar de forma negativa em relação a determinados conteúdos que se infiltram no meu algoritmo. Acho que tal como qualquer outra pessoa, entro numa espiral de comparação absurda, que não faz sentido algum, tendo em conta as coisas que já vivi e ultrapassei. Esta nota da
foi um lembrete de que grande parte dos conteúdos no digital são escolhidos a dedo para representar uma realidade perfeita que não existe. Mais ainda, corrobora com algo que a minha psicóloga disse-me há umas sessões: a interpretação dos demais pouco importa, pois a sua visão parte das suas expectativas e valores. Assim, por muito que nos apontem o dedo, pensando que a nossa vida é um mar de rosas, só nós sabemos as lutas que travamos.Não acredito que já se passaram dois meses desde que li este artigo da
. Lembro-me, no entanto, do quão inspirador foi considerar voltar a anotar em livros que não fossem, apenas, para uso académico. Embora não tenha problemas em sublinhar excertos com os quais me identifique, nunca cheguei mergulhar noutros tipos de anotações, daquelas que preenchem ainda mais as páginas dos livros. O que faz todo o sentido que aconteça: afinal, deixar a nossa percepção anotada é como estabelecer um diálogo com os autores, mesmo que eles não o vejam. A Raquel dá dicas muito boas aos que não se sentem ainda à vontade para rabiscar os livros.Apesar de ainda só ter lido dois dos seus artigos, enamorei-me pela escrita da
imediatamente! Descobri-a enquanto aguardava para entrar no consultório da dentista. Eram nove da manhã, mas fiquei logo super desperta e bem-disposta. A Rita tem um humor delicioso que nos contagia sem nos darmos conta.Há uns dias, a
mencionou que conheceu este artigo através de mim e fiquei a questionar-me se o teria guardado na lista do Notion que antecedeu a esta que lês. Claro que já o tinha guardado; na altura em que o li, senti-me profundamente compreendida na luta que é contradizer o percurso que alguns dos meus antepassados traçaram, sempre na busca de fazer mais e melhor pela minha realidade e as que poderão surgir através de mim. Ler a dizer que devemos considerar os diferentes pontos de partida que, invariavelmente, determinam a nossa propensão ao slow living ajudou-me a aceitar mais as escolhas que tenho vindo a fazer.Houve, em toda a minha vida, apenas um livro que reli: as intermitências da morte. Adoro as camadas desta história de Saramago, não só por nos convidar a pensar na morte sob outro ponto de vista, como a questionar o lado sombrio do capitalismo que beneficia de um momento tão trágico para quem morre e para os que ficam. A frase “se não voltarmos a morrer, não temos futuro” nunca me saiu da cabeça. Por isso é que quando li esta nota do
, fiquei a pensar na quantidade de livros, por exemplo, que eu poderia voltar a ler para compreender o que é mudou em mim. Parece-me um exercício super interessante.Mais do que possam pensar, fazer parte de uma relação pode ajudar imenso no nosso crescimento enquanto indivíduos e parte de um grupo. Falo, como é óbvio, em dinâmicas saudáveis, nas quais é super natural haver atritos esporádicos por razões várias. A individualidade é construída, sobretudo, perante o desafio que o outro nos coloca. Desafios diários, que estimulam o diálogo, a troca, o amadurecimento. Também já encarei as relações e o casamento com um olhar desconfiado, crente de que jamais me poderia relacionar se não estivesse minimamente resolvida. A verdade é que por muito bem resolvidos, teremos sempre questões a bater-nos à porta. É nessa constante que nos vamos encontrando: em nós, nos outros, nos sítios por onde passamos e nas coisas que fazemos ou deixamos de fazer. Demonizar algo que pode ser tão lindo em nome de um individualismo capitalista, apaga a essência da humanidade.1
Por agora é só! Gosto mesmo de recolher e partilhar estes pequenos tesouros. Leio sempre muita coisa boa, apesar não as guardar como deveria. Felizmente, já podemos aceder ao histórico de leitura na plataforma - detalhe que estava em falta há imenso tempo -. Hei de tirar um tempinho para selecionar material para a edição #3 desta rubrica.
Aproveito para reforçar que publicarei, esta semana, o primeiro artigo das assinaturas pagas do Notas Soltas. Podes ler mais sobre elas na página sobre. Será um dos muitos ensaios que escrevi para a faculdade dentro do tema “A intervenção urbana através da arte”. Chama-se:
"O impacto das comunidades artísticas nas mudanças do paradigma socio-espacial, dos fluxos migratórios intercidades e através do turismo. Das indústrias tradicionais às fábricas criativas."
📅Estará disponível no domingo dia 13 de julho, a partir das 08:08.
Até breve,
Carolayne 💫
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Que, nos últimos anos, tem sido desafiada constantemente em nome do capital, dos likes, da fama, etc.. Deixar de nos relacionarmos com alguém que nos poderá incentivar a ser mais e melhor coloca ainda mais em xeque o que temos de melhor.
Oh, obrigada!