Nota Solta #60 — Newsletters que gostei de ler nos últimos dias
Uma curadoria das coisas que andei a ler no Substack
Poderia desenvolver novas impressões sobre os textos que menciono abaixo. No entanto, por estar aos poucos a recuperar o hábito de comentar os que me tocam em sítios especiais, apenas copiei o feedback que partilhei nas diversas caixas de comentários, pois partiram de um lugar autêntico e que quero preservar (também para poupar algum trabalho, confesso). Espero que se identifiquem tanto quanto eu com as newsletters que trago hoje.
"Acreditar que você pode controlar a vida te deixa mais livre?, te pergunto. Não, você me responde, te aprisiona a um estado de eterna tensão e hipervigilância." — ontem, antes de dormir, pensei numa entrada que quero anotar no diário que diz assim: «Se tiver de me despojar de alguma coisa, que seja do controlo que alguma vez quis ter das pessoas, situações, sentimentos e pensamentos que fazem de mim quem sou. Quero que a vida flua, quero observar o fluxo e aprender a fazer parte dele. Permite-me amar, ser amada, desfrutar os frutos que colherei das sementes que plantei. O controlo é a resposta do medo e eu já não quero estar sempre amedrontada». Querer controlar tudo faz com que sejamos presenteados com o efeito oposto, dando a sensação de haver sempre algo contra nós. Quanto a mim, chega de me sentir e viver assim, presa a um conceito que vem de ansiedades que ainda estou a aprender a controlar.
Sinto que tenho conseguido melhorar o meu estilo pessoal, exatamente por ouvir mais a minha intuição. Estou sempre atenta ao que está à minha volta - ser artista, conviver com artistas com estilos completamente diversos ajuda bastante -, o que torna a experiência mais agradável. Uma das minhas dificuldades, porém, é entender as minhas proporções...mas é algo que hei de aprender com o tempo.
Tenho sentido o mesmo, não obstante a relutância em certas ocasiões. Acredito que chegaremos passinho a passinho aos lugares onde queremos estar, sem nunca esquecer que seguir em frente implica, muitas vezes, dar alguns passos atrás. Não quererá isso dizer que estejamos a ir para o lugar errado. São ritmos da vida que fazem parte.
"não estamos atrasadas, estamos conscientes. estamos tentando." — um dia antes de ler este texto, antes de dormir, uma crise bateu à porta. Tentei chorar, queria muito, mas saíram menos lágrimas do que gostaria para que amenizasse a dor. Dei-me conta de que estou cansada de ter crises pelas mesmas razões. Questionei-me como é que poderei fazer diferente para que deixe de me sentir mal por decisões diárias que vou tomando e que, claramente, não me fazem bem. Sinto-me presa na minha própria cabeça, consciente das mudanças que preciso de aplicar....mas quando não o faço, ora por não me permitir parar, descansar, ser....uma crise explode, fazendo-me crer que sou essa crise e não tudo o resto. Tal como dito no texto, não importa o tempo que passar, teremos sempre a companhia desse sofrimento que nos torna conscientes sobre o facto de estarmos vivas.
Nos últimos meses de 2024, dei por mim a questionar que hobbies é que perdi por tê-los convertido (ou tentado converter) em fontes de renda. Senti que me faltava algo na rotina que pudesse contradizer a rotina de trabalho e dos estudos... pelo que decidi que abortaria a missão de rentabilizar tudo o que eu gostasse de fazer, pela saúde de todos esses projetos. Decidi que escolheria duas ou três atividades de trabalho e estudos, sendo que o restante será para me abstrair do mundo enquanto partilho algo com ele. Os meus hobbies são fazer exercício físico (musculação, dança, caminhadas); pintar/desenhar em telas, aguarelas, pastéis de óleo; ler livros e newsletters; ver vídeos no YouTube, séries, filmes; escrever em qualquer formato; cuidar de plantas entre outros. Creio que seja um bom tema sobre o qual escrever aqui na newsletter. Talvez seja o tema das próximas semanas, acho importante recuperar esse senso de diversão e descanso mental, tendo em conta o caos mundial e o ritmo acelerado a que nos fomos habituando.
Que texto gostoso. Há muito caminho para trilhar....mas será sempre um gesto de resistência celebrarmos as pequenas vitórias no meio do caos!
Ter lido este pequeno ensaio num dia em que me sentia um saco de batatas foi inspirador. Raramente paro para pensar em mim como alguém de uma beleza singular, em que mais ninguém se iguala. Nem mesmo as pessoas de quem herdei as minhas características. A singularidade deveria começar a ser repensada com amor.
O desafio é perceber quando é que é a hora de desistir e como.
As partilhas no Substack estão a lamber-me as feridas da infância/adolescência. Senti-me acolhida em cada frase! Ainda sinto muita dificuldade em aceitar o meu corpo exatamente por ainda permitir que as vozes alheias que arquivei mentalmente tenham o seu espaço....mas é um longo processo. Tal como partilhado pela autora, descobrir o próprio estilo ajuda. Ainda tenho muito que caminhar nesse sentido, mas já estive bem pior.
Que texto surreaaaaaal!!!! Gargalhadas ecoam dentro de mim de tão identificável que são as palavras do autor. Amei, simplesmente! Tenho a destacar o seguinte trecho: "Por sua culpa, pulo uns dias de academia, não rendo nos meus estudos quanto gostaria e, inclusive, atraso a publicação desse texto. Mas considero pequena tal luta contra a preguiça pois, cedo ou tarde, sempre venço" — por muita preguiça que sinta por vezes, ainda assim tenho a ideia de não descansar tanto quanto gostaria. Que paradoxo! Talvez me falte aceitar que é necessário abraçar a preguiça, contemplar os detalhes aos quais me dá abertura, deixar-me inspirar sem medos.... Putz, que ensaio inspirador!
"As newsletters do Substack não são apenas algo que lemos — são algo em que participamos. Um lugar para voltar, mas também para habitar. Um espaço onde a leitura não termina na última linha, mas se prolonga na troca, na ideia que fica." – nunca fui dada à leitura de newsletters até ter descoberto o Substack. Descobri a plataforma por seguir imensas pessoas da blogosfera que migraram para aqui... Desde então, não a abandono por nada.
Por conselho de uma amiga, comecei a escrever o «Notas Soltas» no TinyLetters (já descontinuado), daí estar aqui. Adoro todas as funcionalidades que a plataforma oferece, mas acima de tudo, a atmosfera análoga ao blogger é o que me apaixona mais. Como destaquei a partir do que a Raquel escreveu, esta plataforma guarda sucessivos abraços que estão disponíveis para qualquer um.
Sou filha única e tenho zero pudor em admitir que nunca senti a necessidade de ter irmãos. Venho de uma família super numerosa e quanto mais cresço, percebo com maior profundidade a decisão dos meus pais. Claro que com 26 anos, já ouvi que deveria ter, pelo menos, dois filhos (nunca me perguntam se quero, efectivamente, ser mãe), pelo facto de ter crescido a solo... Embora sempre quisesse ter dois filhos (se fossem gémeos, melhor ainda), é uma decisão que vem com o seu peso.
Tenho para mim que construir uma família, ter filhos, ser mãe e pai demanda algum planeamento, muitas escolhas, muitas perdas e ganhos. Grande parte das pessoas que nos questionam falam a partir da sua experiência, raramente param para cogitar como seria para os outros, então creio que também não podemos levar tudo sempre muito a peito. Há coisas que chateiam....no entanto, ao final do dia, o que importa é estarmos plenos e seguros das nossas decisões.
"E isto vem ao acaso porque, em terapia, abordou-se o facto de eu sentir que, olhando para trás, não tive conquistas nenhumas. Claro, é mentira, tal como a minha psicóloga me conseguiu fazer notar." — Lembro-me de listar as minhas conquistas de 2024, numa das minhas sessões de terapia, movida pelas mesmas emoções do que a Rafaela. Para mim, parece que tudo está sempre caótico, que não tenho mão do que se passa na minha vida e que, por consequência, não tenho motivos para celebrar. Nessa sessão, cheguei ao final com a sensação de que deveria, nem que por 5 minutos diários, trabalhar a consciência e a confiança de que me vou superando, mesmo quando acredito que não. Ela fez-me ver que o processo até ao destino é tão importante quanto levantar o grande troféu. Além do mais, a psicóloga também convidou-me a ter mais compaixão por mim, algo que vou tentando para combater a síndrome do impostor. Há dias em que flui maravilhosamente, outros em que custa mais. Não obstante, vai-se fazendo.
Não deixei nenhum comentário em particular nos posts abaixo, mas quero partilhá-los na mesma pelo impacto que tiveram nas minhas sinapses.
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Até breve,
Carolayne 🪻
Aiii olha eu! 🥹 obrigada pela partilha, querida Carolayne <33 é sempre uma agradável surpresa quando vejo que as minhas chatices também tocam e dão conforto a quem me lê :)
Olha eu ali no meio de tantos artigos interessantes 🥹 Muito obrigada pela partilha.
E vou voltar a esta newsletter para ler todos os artigos com atenção.